Meio esquecida pelos brasileiros, Berlim não tem a beleza de Paris, nem o clima de balneário de Barcelona, e também não recebe tantos turistas como Londres, mas está justamente no fato de não ser um destino tão óbvio e fácil a sua maior graça. Por isso e muito mais, a capital alemã se tornou uma das minhas cidades preferidas na Europa.
Com a queda do muro em 1989, a cidade foi encontrando uma maneira de se reerguer nesse novo contexto que conectava o lado ocidental do oriental. Oferecendo nos anos 90 e 2000 um custo de vida bem mais barato que outras capitais européias e outros locais da própria Alemanha, a cidade atraiu muitos jovens artistas e empresários que criaram uma cara única para a capital alemã. Foi nessa Berlim que surgiu uma cena cultural e noturna das mais interessantes. E é justamente essa efervescência da cidade que encanta a todos que param por lá.
Klaus Wowereit, que foi prefeito da cidade de 2001 a 2014, definiu essa nova fase com o slogan: “Pobre, mas sexy!”. Mas vamos combinar que de pobre eles não tem nada. A cidade é limpíssima, o sistema de transporte funciona muito bem e a sensação de segurança é extrema em qualquer hora do dia. Berlim é irresistível.
Novo e antigo se misturam no centro da cidade
IN GIRO
Hoje a área mais bacana da cidade para morar, se divertir e passear fica quase toda do lado leste. Confira onde ir para fazer desde o turismo obrigatório até ver a Berlim como ela é.
Mitte: o centro da cidade concentra as principais atrações turísticas, museus e prédios históricos. Além de lojas, galerias de arte e edifícios modernosos. Entre os pontos turísticos principais estão:
– Portão de Brandenburgo: classico cartão postal da cidade na Pariser Platz.
– Memorial do Holocausto: uma grande obra projetada pelo arquiteto Peter Eisenman, com vários blocos de concretos assimétricos para relembrar os judeus mortos na Segunda Guerra. Embaixo da instalação, existe um centro de informações com dados sobre a perseguição sofrida por eles durante o período do nazismo.
– Check Point Charlie: um dos principais símbolos da guerra fria, funcionou como ponto de fronteira entre a Alemanha Oriental Soviética e a Alemanha Ocidental. Quem tinha autorização para transitar por um lado e outro tinha que passar por ali.
– Mauermuseum: pertinho dali fica esse museu dedicado à história do muro de Berlim, que traz relatos interessantes sobre como era essa fronteira e a relação dos moradores com o muro. (Friedrichstr.- 12,50 euros)
– Gendarmenmarkt: a praça mais bonita do centro da cidade, reúne de forma simetrica a Casa de Concertos (Konzerthaus), a Catedral Francesa (Französischer Dom) e a Catedral Alemã (Deutscher Dom). As duas igrejas foram construídas com torres idênticas. A alemã, reconstruída após a Segunda Guerra, abriga uma exposição permanente sobre a democracia no país.
(metro Brandenburguer Tor)
O famoso Portão de Brandenburgo
O Memorial do Holocausto impressiona
Kreuzberg – um dos epicentros do lado leste, o bairro é famoso pela diversidade dos seus moradores e pela vida noturna agitada. De dia faça um giro pela Bergmannstrasse, rua com lojas descoladas e vários restôs e cafés bacanas (metro Platz der Luftbrucke). Já no fim de tarde vale tomar um drink na Oranienstrabe, repleta de restaurantes, bares e botecos de todos os tipos (metro Kotbusser Tor).
Vista de Kreuzberg na beira do rio Spreed
A noite começa animada na Oranienstrabe
Prenzlauer Berg – o bairro tem prédios antigos lindos que não foram destruídos pela guerra e conta com ruas super arborizadas. A rua Kastanienallee tem lugares charmosos para comer e beber, além de lojas de roupa vintage. Não deixe de tomar uma cerveja no Prater Garter. Perto dali fica o Mauer Park, que recebe aos domingos à tarde um karaokê divertidíssimo. Sem competição, o povo começa a cantar no meio do parque com duas caixas de som improvisadas (metro Eberswalder StraBe).
O animado karaokê do Mauerpark aos domingos
Friedrichshain – outro bairro hit do lado leste tem entre suas principais atrações a East Side Gallery, uma parte original do muro de Berlim com 1.3 km de extensão que conta hoje com grafites e trabalhos de artistas internacionais. Uma verdadeira galeria de arte grátis a céu aberto. Também na área está o Volkspark que leva o nome do bairro, na minha opinião, o parque mais legal da cidade. Para encerrar, dê uma volta pela Simon Dach. Com atmosfera boêmia, a rua conta com vários bares com mesas na calçada, centros de yoga e artistas por todos os cantos (metro Warschaeur StraBe).
Fazendo un giro na East Side Gallery
Eu, Loretta e Raoni em andanças pelo bairro
Neukölln – devido a forte influência da imigração turca, é conhecido como “pequena Istambul”. E assim como os outros cantos do lado leste, é abitado por jovens bem animados. É lá que fica o famoso aeroporto de Tempelholf. Desativado como aeroporto em 2008, o espaço reabriu como um parque em 2010. Os berlinenses usam as antigas pistas para caminhar, andar de bike, enquanto que os gramados servem de encontro para drinks e contam ainda com pequenas hortas comunitárias orgânicas. Tipo, bem Berlim! (metro BoddinstraBe).
A pista do aeroporto virou espaço público para diversão
A horta comunitária orgânica: cada um planta um pezinho e depois colhe o que quiser
Charlottenburg – único da lista que fica do lado ocidental da cidade, o bairro é o mais chic e elegante de Berlim. E também o mais caretinha. Entre as atrações está o majestoso Schloss Charlottenburg, palácio que serviu de residência para o Rei da Prússia e o Tiegarten, maior parque da cidade. A Kurfurstendamm é a rua que funciona como sua veia principal, reunindo grandes lojas internacionais e a KaDeWe, loja de departamentos alemã (metros Zoologischer Garten e Wittenbergplatz).
Schloss Charlottenburg: a antiga casa do rei a Prússia
Para encerrar o nosso giro, não deixe de conferir a Badeshiff, uma piscina flutuante em meio ao Rio Spreed, que corta a cidade. Quando o tempo ajuda, é la que o povo tenta se refrescar. O complexo conta com um bar e restaurante e tem seu espaço utilizado para festas no fim de tarde e à noite aos fins de semana. Abre de abril a outubro (metro Schlesisches Tor).
Estava frio, mas o pessoal entrou mesmo assim. Coragem!
A piscina fica imersa em meio ao rio Spreed
DICAS ESPERTAS
-Berlim é uma cidade barata se comparada às outras capitais européias. Conta com várias opções de hospedagens que vão desde hostels até hotéis de luxo. Os drinks variam de 3 a 10 euros e para jantar ou almoçar, come-se bem por 15 euros.
– Use o metrô (U-Bahn) ou os trens (S-Bahn). A cidade tem uma linha extensa, com muitas estações, dá para usar e abusar sem medo. Compre um pack para um dia (7 euros) ou uma semana (30 euros) e gire a vontade. Não funciona só no meio da madrugada, mas os táxis também não são caros.
-Já que a comunicação em alemão fica um pouco prejudicada, em quase todos os lugares fala-se inglês. Para quem não sabe o idioma, a comunicação é difícil.
– Para conhecer o centro da cidade, uma boa opção é pegar o tour grátis que sai do Portão de Brandemburgo. O tour percorre o centro da cidade à pé e passa pelos principais pontos, como o Memorial do Holocausto (www.newberlintours.com). Outra opção são os ônibus de turismo, que percorrem toda a cidade e saem da rua Kurfürstendamm (a partir de 13 euros).
– Se você é um viajante mais tradicional escolha um hotel na região de Mitte ou Charllotenburg. Oferecem boa infra e são bem centrais. Mas se você quer sentir o gosto da vida de um berlinense escolha um hostel, alugue um quarto ou apartamento em Kreuzberg ou Friedrichshain.
Na próxima semana tem mais Berlim por aqui. Confira mais fotos no álbum.